Subbacultha

Voces sabem que tava mal, me sentindo sozinha, coisa e tal. Ontem criei coragem e liguei pro meu amigo francesinho pra gente tomar um cafe, ele me disse que estava em Verona e nao podia, que ficava pra outro dia e eu fui triste pra casa. Antes parei pra comprar duas sadalias lindas que eu tinha visto. No caminho Romain (esse é o nome do frances) me ligou e disse que tinha um amigo dele aqui a 2 semanas e que nao conhecia ninguem, se eu me importava de sair com ele, falei que nao, tudo bem e fui encontrar o tal do cara no lugar combinado, ele sabia como eu era mais ou menos e eu nao, esperava um outro europeu branquelo, chegando la, fui comprar cigarro e vi um cara que me seguia e falava comigo, mas eu nao imaginava que era o tal, gente, olha que massa, ele é negro, magro, alto, da Arabia Saudita, veio pra ca jogar futebol e nao fala uma palavra em italiano, so ingles, né lindo? Romain nao tinha me dito este pequeno detalhe, meu ingles é uma coisa assim grotesca, pensei (e falei) como é que a gente vai se comunicar? Fiquei puta da vida, pq nao adiantava nada uma pessoa com quem eu nao podia conversar. Ok, vou eu e minha sacola de compras tomar uma cerveja com ele, que se chama Mohamed. Deu tudo certo, ficamos amigos de infancia, eu nao sei como nos comunicamos mas foi tranquilo. Umas 20 hs ele me chamou pra irmos num clube e eu falei que tinha que ir em casa trocar de roupa, como ele tava pronto eu chamei pra vir comigo e tambem pra meus tios conhecerem, quando chegamos, chamei minha tia no quarto pra me ajudar a escolher uma roupa e ela me disse com olhos esgubalhados: ELE é MUCULMANO! MUCULMANOS NAO RESPEITAM MULHERES. Eu falei, porra, eu nao vou mais porque, né? Eu nao to podendo com um homem que se acha superior a mim e me ve como um objeto, embora nao tenha sido essa definitivamente a ideia que tive dele.
Sai meio cabreira e quando descemos do taxi perguntei se ele era muçulmano de verdade, ele disse bem naturalmente que sim e eu disse que nao gostava disso, nao gostava de religiao e nao gostava de quem nao respeita as mulheres. Ele riu e disse que nao era fanatico, nem praticante, que é cultural no pais dele e que, sim, ele respeita as mulheres como iguais, so nao gosta que elas paguem a conta por gentileza. Falou que no seu pais os mais jovens sao modernos e que simpatiza com o pensamento livre, tudo mais. Ufa, que bom!

Saimos pra jantar e TODAS as pessoas nos olhavam, as pessoas aqui sao muito preconceituosas com negros e um negro arabe entao.. nao que esteja escrito na testa dele que é arabe, parece muito mais cubano ou jamaicano mas quando atendeu o celular e falou naquela lingua estranha escrita e falada rranmilerramleshme kkkkkkkk, a moça que tava do nosso lado fez uma cara de nojo. é, eles realmente nao sao muito bem vistos por que aqui as mulheres sao muito independentes e ver aquelas cenas de homens andando na frente e mulheres cobertas, cheias de crianças atras, nao é nem um pouco estético(pra falar o minimo), né? Fora que é um pais que condena as pessoas a chicotadas em publico e onde a liberdade de religiao nao existe, um pais rico mas muito conservador.

Bom, do restaurante fomos ao Copacabana, um bar barra pesadissima, que so toca salsa e essas musicas calientes, 2 tequilas e depois ao Havana, bar de playboy, muitas tequilas, muitas. La conheci Abdul, outro arabe negro e muito gente boa tambem e bom, fiquei bebada, como sempre e voltei pra casa de taxi, Mohamed deixou o celular no taxi que pegou e me ligou pra ajuda-lo a encontrar o taxista de ontem na companhia radio taxi, ja que ele nao fala italiano e eu sim, ne chique isso, alguem me pedindo ajuda com o italiano? To podendo mesmo, por que ontem descobri que como ingles meu italiano é otimo.

Eu tenho um amigo jogador de futebol e me sinto bilingue, otimo!

Um beijo de saudade a todos e todas.